PELAS MARGENS DE SÃO PAULO
Data: 11 a 24 de janeiro de 2017
Formato: Circular
Distância: 222 km
Participantes: 3
DIÁRIO DAS MARGENS
14 dias,
14 duplas de imagens,
14 impressões sobre os atravessamentos da metrópole.
/ The Border Journal: 14 days,14 double images,14 impressions on crossing of the metropolis. /
DIA #1
SÃO MIGUEL A SÃO MATEUS
Contrariando as indicações de menires encontrados no caminho, realizamos delicadas escavações entre a igreja dos jesuítas e a sede do movimento de moradia leste 1, duas formas de se relacionar com o território separadas pelo espaço e pelo tempo.
/ Day 1, São Miguel to São Mateus: Contrary to the indications of menhirs found along the way, we made delicate excavations between the church of the Jesuits and the headquarters of East 1 socilal housing movement, two ways of relating to territory separated by space and time. /
DIA #2
SÃO MATEUS A SANTO ANDRÉ
O que define a bagagem do viajante? Fomos confrontados com essa relação do peso e da leveza, das reais necessidades, dos afetos, dos apegos e dos desprendimentos. Viajamos mais juntos e mais libertos.
/ Day 2, São Mateus a Santo André: What defines the traveler's luggage? We were confronted with this relation of weight and lightness, of real needs, affections, attachments and detachments. We travel more together and more freed. /
PAUSA # 1
SANTO ANDRÉ
Se engana quem acha que escolhe o momento da pausa. Somos escolhidos por paisagens, eventos e situações, que nos atraem de maneira irresistível ou incontornável, como a rua da infância, o frasco esquecido, a nuvem carrregada. A pausa é como o silêncio da música , que nos prepara a nota grave ou aguda que se avizinha no horizonte.
/ Pause # 1 Santo André: Wrong you are if you think you choose the moment of pause. We are chosen by landscapes, events and situations, which attract us in an irresistible or inescapable way, such as the street of childhood, the forgotten bottle, the loaded cloud. The pause is for walking what silence is for music, preparing us for the grave or sharp note that is approaching the horizon. /
DIA #3
SANTO ANDRÉ A DEMARCHI
Dos primeiros aos últimos raios de sol, caminhando com vagar sob a luz-cor que transformava o espaço a cada passo. Um lento prelúdio das vastas águas, vias, fachadas que nos esperam.
/ Day 3, Santo André to Demarchi: From the first to the last sun rays, walking slowly under the light-color that transformed space at every step. A slow prelude to the vast waters, ways, facades that await us. /
DIA #4
DEMARCHI A ILHA DO BORORÉ
As transições se intensificam e a cidade rarefece ao poucos. Diferentes formas de se relacionar com a água, que se apresenta imperativa. O visual cinematográfico e intangível a partir do Rodoanel, a proximidade quase tátil da balsa.
/ Day 4, Demarchi to Bororé Island: Transitions intensify and the city gradually fades. Different ways of relating to water, which is imperative. The cinematographic and intangible look from the Rodoanel, the almost tactile proximity of the raft. /
DIA #5
ILHA DO BORORÉ A PEDREIRA
O corpo começa a entender as distâncias, esforços e dinâmicas. Duas extremidades da represa, de um lado o feito, de outro a causa.
/ Day 5, Bororé Island to Pedreira: The body begins to understand the distances, efforts and dynamics. Two ends of the dam, on one side the made, on the other the cause. /
DIA #6
PEDREIRA A CAMPO LIMPO
Nos despedimos da cidade fluvial com visuais, estruturas e situações surreais que se cruzaram com antigas rotas. A montanha entre os dois rios enterrados parece barreira intransponível, mas a cidade é generosa com os que atravessam seus portões com delicadeza.
/ Day 6, Pedreira ao Campo Limpo: We said goodbye to the river city with surreal visuals, structures and situations that crossed new paths with old ones. The mountain between the two buried rivers seems an insurmountable barrier, but the city is generous with those who cross its gates delicately. /
DIA #7
CAMPO LIMPO A COTIA
Entroncamentos viários esfacelam paisagem e abrem espaço para caminhos em que a arquitetura mimetiza as cores da natureza. Com quantos metros se faz um recuo?
/ Day 7, Campo Limpo to Cotia: Road junctions smash the landscape and open space for paths in which architecture mimics the colors of nature. How many meters does a retreat? /
COTIA
Depois de uma semana de caminhadas intensas chegamos ao extremo oeste do percurso. Um dia de descanso, reorganização logística, revisão dos planos num local simbolico onde muitas outras rotas já se cruzaram.
/ Pause 2, Cotia: After a week of intense walks we arrived at the western end of the route. A day of rest, logistical reorganization, revision of plans in a symbolic place where many other routes have already crossed. /
DIA #8
COTIA A OSASCO
Enfrentamos o dia mais quente do ano cruzando a sequência de córregos que margeiam os municípios de Barueri, Jandira, Carapicuíba. Ladeiras escarpadas ora configuravam muralhas fragmentadas, ora se abriam para recortes na paisagem. O Jaraguá nos observava ao longe, impassível sob nuvens de poeira e fuligem, como no poema de Baudelaire.
/ Day 8, Cotia to Osasco: We face the hottest day of the year crossing a sequence of streams that border the municipalities of Barueri, Jandira, Carapicuíba. Craggy slopes sometimes formed fragmented walls, sometimes opening to clippings in the landscape. Jaraguá Mountain watched us in the distance, impassive under clouds of dust and soot, as in a Baudelaire's poem. /
DIA #9
Osasco ao Horto
Acompanhados passo a passo pelo Jaraguá, que se apresentou sob diversas lentes ao longo dia, atravessamos complexos sistemas viários que contrastavam com a tranquilidade da vida dos bairros em mutação.
/ Day 9, Osasco to Horto: Followed step by step by Jaraguá mountain, who presented himself under various lenses throughout the day, we crossed complex road systems that contrasted with the life tranquility of the changing neighborhoods. /
DIA #10
HORTO A GUARULHOS
Deixamos para trás a brisa fria que a floresta emana, depois de inesperadas conversas sobre encarceramento e agricultura orgânica. As montanhas da Cantareira se espelharam em cordilheiras de nuvens. Uma rota celeste de aviões indicava um labirinto em linha reta, que não refletia as vielas, córregos e ladeiras que atravessamos.
/ Day 10, Horto a Guarulhos: We leave behind the cold breeze that the forest emanates, after unexpected conversations about incarceration and organic farming. The Cantareira mountains were mirrored in ranges of cloud muntains. A celestial plane route indicated a labyrinth in a straight line, which did not reflect the alleys, streams, and slopes we passed through. /
DIA #11
GUARULHOS A CIDADE SERÓDIO
Entre desvios para o amarelo, terras devastadas, campos queimados e rotas aéreas rasantes, a cidade se apresenta como um inventário de situações recodificadas.
Sob um recorte de céu estrelado, um cortejo de acrobatas performava malabarismos e coreografias descontínuas.
/ Day 11, Guarulhos to Cidade Seródio: Among deviations to the yellow, devastated lands, burned fields and flat aerial routes, the city presents itself as an inventory of recoded situations.Under a starry sky clipping, a procession of acrobats performed juggling and discontinuous choreography. /
DIA #12
CIDADE SERÓDIO A SÃO MIGUEL PAULISTA
Os últimos cruzamentos, algo singelos. Rodovias, rios e ferrovias interceptados nos conduzem ao início de nosso destino final. Catorze dias e mais de duzentos kilômetros depois e ainda não sabemos para onde dão estes inúmeros portões. Tampouco conseguimos decifrar essa sucessão de menires que redesenhavam a paisagem. Entretanto apreendemos um pouco dessa cidade constituída por pessoas e tivemos o privilégio de conhecer algumas das que acreditam na construção de uma cidade que seja de cada um e de todos.
/ Day 12, Cidade Seródio a São Miguel Paulista: The last crossings, something simple. Interdicted highways, rivers and railroads lead us to the beginning of our final destination. Fourteen days and more than two hundred kilometers later and we still do not know where these innumerable gates are going. Nor have we been able to decipher this succession of menhirs redrawing the landscape. Meanwhile, we learn a little about this city made up of people and we had the privilege of meeting someones who believe in the construction of a city that belongs to each and everyone. /
COMO É QUE FAZ PRA SAIR DA ILHA?
(PELA PONTE, PELA PONTE...)
HOW DO YOU LEAVE THE ISLAND?
(BY THE BRIDGE, BY THE BRIDGE...)