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/ HOFERWEG

(or the hardest way to get from Prague to Paris)

HOFERWEG is a book that reports on an expedition between Prague and Paris carried out in the summer of 2015, the weeks before the beginning of an artist residency in the French capital. At first, the objective was to relate to this vast territory using only the body as a form of displacement that should stimulat the registration of topological changes through drawing. If I turned from the graphic record to the literary account, it was due to the constant succession of unexpected events that took place during the 42 days in which the trip took place. Historically there are two types of archaic expeditions. The first, collective, had the purpose of subsistence, collecting what was possible or hunting animals for the community. The second was the transcendental journey of the lonely who leaves in search of something subjective and returns to tell the group. This book is an attempt to transform the personal journey into a collective object that transcends borders. /

 

 

 

 

HOFERWEG

(ou o jeito mais difícil de ir de Praga  a Paris)

 

 

HOFERWEG é um livro que relata  uma expedição entre Praga e Paris realizada no verão de 2015, nas semanas que antecederam o início de uma residência artistica na capital francesa.

 

 A princípio o objetivo era me relacionar com este vasto território usando apenas o corpo como forma de deslocamento que estimularia o registro das mudanças tipológicas pelo desenho. Se do registro gráfico passei para o relato literário, foi pela sucessão constante de aconteciemntos inesperados que se desenrolaram durante os 42 dias em que a viagem se desenvolveu.

 

Historicamente há dois tipos de expedições arcaicas. As primeiras, coletivas, tinham a finalidade de subsistência, coletando o que fosse possível ou caçando animais para a comunidade. A segunda, era a viagem transcendental do solitário que sai em busca de algo subjetivo, e volta para contar ao grupo.

 

Este livro é uma tentativa de transformar a caminhada pessoal num objeto coletivo que transcende as fronteiras.

 

 

 

 

 

 

 

HOFERWEG

(ou o jeito mais difícil deit de Praga a Paris)

de Renato Hofer
Editora Equador

                                                                        

Desenho gráfico e capa de Gilberto Tomé

Introdução de Edith Derdyk

Revisão de Carolina Franco

Coordenação editorial de Lu Meili

 

23x15 cm

Impressão em duas cores

580 páginas

 

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                                                             O momento preciso em que as ideias surgem é sempre misterioso,

mas eu poderia dizer que a HOFERWEG começou

exatamente no dia em que esta foto foi feita.

Tentando fugir das aglomerações turísticas da Guatemala, rumei para o Norte, para caminhar por três dias em rotas remotas. Ao final de um dia de frio e chuvoso, encontrei uma inesperadamente confortável acomodação, um casebre de madeira amarela equipado com grossas cobertas de lã, que me envolveram enquanto pés e roupas secavam na caldeira a lenha.
Eu me entretia com livros de mitologia, investigando os deuses da chuva que tamborilavam com força nas paredes lá fora, quando uma senhora com capa e guarda chuva entra pela porta, Buenas noches señor, el alcade te envia la cena. Da sacola de plástico verde listrado que trazia sacou pratos e vasilhas que dispôs sobre a mesa, com uma suculenta sopa que circundava uma modesta coxa de frango caipira e um prato de tortilhas quentes envolvidas num pano de prato com motivos florais, possivelmente a melhor refeição de toda a viagem.

Foi aí que pensei: E se a viagens se resumissem a apenas isso? Atravessar territórios a pé, ao sabor dos encontros proporcionados pelo caminho?

Pronto, a estrutura da HOFERWEG tinha acabado se ser inventada

 

 

/ The precise moment when ideas arise is always mysterious, but I could say that HOFERWEG started exactly on the day this photo was taken.

Trying to escape Guatemala's tourist crowds, I headed north to hike for three days on remote routes. At the end of a cold and rainy day, I found an unexpectedly comfortable accommodation, a yellow wooden hut equipped with thick wool blankets, which wrapped me around while feet and clothes dried in the wood-burning boiler.
I was entertaining myself with mythology books, investigating the rain gods that were drumming hard on the walls outside, when a lady with a cloak and umbrella walks through the door,
Buenas noches señor, el alcade tew envia la cena. From the striped green plastic bag he carried, he took out plates and bowls that he placed on the table, with a succulent soup that surrounded a modest country chicken thigh and a plate of hot tortillas wrapped in a floral-printed dishcloth, possibly the best meal of all. the whole trip.

That's when I thought: What if travel was just that? Crossing territories on foot, at the taste of the encounters provided along the way? The HOFERWEG structure had just been invented. /